sábado, 4 de abril de 2009

A história se repete

Foi preso ontem no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, sob acusação de assalto o ator paraibano Ravi Ramos Lacerda. Ao ser preso ele confessou que estava roubando para comprar drogas. O jovem ganhou fama ainda criança quando participou do filme Abril Despedaçado (2001), onde interpretou o menino Pacu e contracenou com Rodrigo Santoro. Seu último grande trabalho foi na minissérie Queridos Amigos da Rede Globo.

Com a prisão, infelizmente Ravi(foto 1) entra para uma assustadora espécie de síndrome de ator mirim do cinema brasileiro. Fato que nos faz lembrar de outras duas personagens: Sávio Rolim e Fernando Ramos da Silva.


Na década de 60 no período do Cinema Novo, Walter Lima Jr. Levou às telas Menino de Engenho (adaptação da obra de José Lins do Rego). Na produção, que foi um dos maiores sucessos da época, destacou-se o menino protagonista Sávio Rolim (foto 2).
Sávio interpretava Carlinhos, personagem bastante introspectivo que praticamente não falava mas possuía um olhar responsável pela entonação do filme.


Após a obra Sávio ganhou fama nacional , fez outros filmes, foi para a televisão e depois entrou em decadência. Sávio se envolveu com drogas e acabou com a sua promissora carreira. Hoje ele vive em condições desfavoráveis na capital paraibana e teve inclusive sua vida retratada no documentário O Menino e a bagaceira de Lúcio Vilar.

O caso mais famoso de criança que passou de estrela a problema é o de Fernando Ramos da Silva (foto 3). No início dos anos 80 quando o cinema brasileiro não passava por um bom momento, uma obra chamou atenção. Era Pixote, a lei do mais fraco de Hector Babenco. Pixote mostrava o drama dos garotos de rua vivendo entre as dificuldades e a criminalidade .


Oriundo da periferia da grande São Paulo, Fernando interpretava o papel título da produção. E chamou bastante atenção principalmente com a cena de amor ao lado de Marília Pêra que interpretava uma prostituta. O garoto participou posteriormente de Eles não usam black-tie de Leon Hirszman e também de uma novela da Globo, tendo desaparecido da mídia depois. Fernando voltou para sua cidade natal, Diadema, e passou a praticar furtos e assaltos em companhia do seu irmão. No ano de 1987 ele seria morto pela polícia. Já em 1996 José Joffily dirige o longa Quem Matou Pixote? inspirado na vida de Fernando .

Com essas três histórias tão semelhantes, ficam as perguntas: Será que crianças conseguem conviver bem com a fronteira entre o anonimato, a fama e o ostracismo? Não faltou preparo psicológico para esses garotos?

Sávio, Fernando e Ravi ou Carlinhos, Pixote e Pacu três representações de uma mesma história. Infelizmente para os dois primeiros não há mais volta, porém Ravi pode modificar sua trajetória. Talento ele já mostrou que tem de sobra, agora precisa buscar um pouco mais de consciência para não incorrer nos erros de seus antecessores.

5 comentários:

Samuel Dias disse...

Jhonathan, que bom que tem exercitado o jornalismo aqui expondo sua opinião muito bem argumentada. Sucesso pra vc e um futuro brilhante pela frente.
Olha, indiquei o teu blogger ao Prêmio Dardos. Passa no meu blogger, copia e cole o selo e veja as instruções.
Abraço!

Anônimo disse...

Muito bacana esse texto! Que percepção!Que tristes realidades e coencidências!
Muito bom, adorei! parabéns.

Saskia

Marlos Araújo disse...

Acredito que o meio dos artistas precisa passar por uma séria revisão. Principalmente quando fazem parte dos grupos e companhias, algumas crianças. Ninguém é ingênuo para não saber o que rola por trás, principalmente de produções mais intimistas, como as três citadas.

É um caminho sem volta!

Mais um vez parabéns Jhonathas... Dardos merecido!

Anônimo disse...

1987, Foi o ano em que Eu nasci.
abc,Ravi Ramos Lacerda.

Kiune Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.