Outro dia liguei o rádio, aqui em Campina Grande (coisa que não faço sempre), passei por todas as emissoras em busca de uma música legal e não achei, aí fiquei puto e coloquei um CD do Cordel do Fogo Encantado (excelente banda pernambucana).Então ouvindo o Cordel me lembrei de algo que já tinha percebido e não é segredo para mais ninguém, as rádios pararam de tocar música de qualidade agora elas só executam trabalhos de quem paga, de quem dá o famoso “jabá”.
É revoltante que procuremos no rádio os nossos artistas como Luiz Gonzaga, Elba, Alceu, Geraldo Azevedo, Jackson e nos deparemos com Calcinha Preta, Aviões, Felipão,Cavaleiros, etc, etc, etc.
Hoje só tocam esses pilantras que distorcem nossa música com esse forró eletrônico, que na verdade deveria se chamar “música pornô feita para corno bêbado ouvir”, isso porque os temas de suas letras (ou falta de letras) são sempre sexo, traição e cachaça, para reforçar o que estou dizendo aí vai um trecho que define isso muito bem: “Hoje é cachaça, mulher e gaia...” (esse escarro é de Cavaleiros do Forró).
Essas músicas não nos representam em nada, não têm nenhum significado para nossa região. Onde foram parar às belas poesias como “Feira de Mangaio”, “Asa Branca”, “De volta pro Aconchego” ? Será que não têm mais valor?Sumiram os grandes compositores do Nordeste?É claro que o valor de composições como estas é inestimável, porém, falta que o povo e a mídia (ou parte dela) as reconheçam da forma como elas merecem, ou seja, como nossa verdadeira música e que ao mesmo tempo abram os olhos (e os ouvidos) e prestem atenção na nova geração que surge com certa força, mas que também não está tendo espaço como Cabruêra, Totonho, Eleonora Falcone, Escurinho, Mombojó,Mula Manca, o já citado Cordel e tantos outros que já têm um certo sucesso e carreira consolidada só que os grandes meios de comunicação fingem que eles não existem.
Sei que toda essa situação dificilmente vai mudar pois cada dia a indústria do forró de plástico (indústria é a palavra realmente por que esse estilo é fabricado de forma padronizada)cada dia cresce mais e cada dia infelizmente tem mais público,então para nós que valorizamos a grande música nordestina resta duas soluções: se transformar em um corno alcoólatra pervertido e começar a escutar forró eletrônico ou se entupir de cds e mp3 dos nossos verdadeiros artistas, e aí qual vai ser a sua?Enquanto vocês pensam vou voltar para o “Cordel” que é melhor.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Meio-dia: a hora da morte na TV paraibana
Nos últimos anos a faixa do meio dia da nossa televisão vem ganhado uma característica bem peculiar .O horário que tradicionalmente é reservado ao almoço, na TV é concedido aquela que é a única certeza que nós temos, o mal irremediável, a sentença final, o último suspiro, ou também chamada simplesmente de Morte.
Soa estranho eu afirmar que o horário é cedido a morte, não acha? Alguém já a viu com seu tradicional manto negro e sua imensa foice apresentando algum programa? Seria no mínimo original, mas não é disso que estou falando e sim dos programas policiais que contaminaram nossa telinha e têm a morte presente em diversos sentidos.
Aqui em João Pessoa das 5 principais emissoras (em VHF), 3 exibem jornais policiais entre meio-dia e 1h da tarde. E a única diferença entre os três é o canal mesmo, por que no mais tudo igual. O princípio básico de todos é “morreu, antes ele do que eu, porque só me interessa é tirar o meu ($)”. Eles vendem a morte descaradamente transformando tudo num verdadeiro show, basta alguém ser atropelado, ser assassinado ou perder a vida de qualquer outra maneira que lá estão os urubus com suas câmeras em punho filmando os rostos dos pobres cadáveres e colocando tudo no ar com a maior naturalidade achando que toda a população está preparada para ver um corpo cravado de balas ou esquartejado. Chegam ao ponto de comentarem a matéria com a imagem do defunto paralisada ou de subirem os créditos finais do programa com o morto ao fundo.
Além de fazerem uso da morte no sentido literal, eles também matam os direitos da pessoa física, quando pegam uns pobres coitados que foram presos por pequenos furtos, por vandalismo ou outros crimes (alguns causados por embriaguez), e os expõem inclusive a situações ridículas como mandar que escolham se merecem um cartão amarelo, azul ou vermelho. Entendam-me eu não estou inocentando os criminosos só acho que a justiça deva condená-los e não a imprensa.
Outro que “bate as botas” ao meio-dia é o bom jornalismo, esse definitivamente é morto da pior maneira possível. Começa com radialistas tomando o lugar dos jornalistas de formação na apresentação destes programas. Muitas vezes esses fracos apresentadores não têm a mínima noção do que vai ao ar, é comum ouvir-se os “hein”, “qual é a próxima matéria ?”, deles se dirigindo aos diretores que respondem através do ponto eletrônico. Há ainda o uso de jargões difamatórios como desocupado, mau elemento e outros. E o tiro no coração do jornalismo é a venda das noticias, o apresentador olha para câmera e diz “Foi assassinado ontem com 15 tiros e 25 facadas, no bairro do Alto do Mateus aqui em João Pessoa, o desocupado João Maria” e logo em seguida muda o ângulo e fala “Se você esta com problema de diarréia, frieira, impotência sexual, artrite, conjuntivite, gonorréia ou qualquer outra coisa tome a Água Santa e você vai se sentir melhor, a venda em todas as farmácias” ai eu me pergunto como confiar em noticias dadas nesse tipo de programa? Será que se o fabricante da Água Santa fosse preso viraria noticia? É obvio que não, caracteriza-se aqui o chamado “rabo preso” e quem sofre desse mal não pode ter credibilidade por que vai esta sempre devendo a alguém.
É meus amigos como vocês puderam ver esse povo tem fixação na morte, usam e abusam desta figura e talvez ela nem saiba disso, desse prestigio todo e da alta audiência, por que se não já tinha vindo cobrar seu direitos.
Mais quem diria né Dona Morte, de uma das personalidades mais assombrosas e temidas do Universo passou a estrela da tv paraibana... que progresso!!
Soa estranho eu afirmar que o horário é cedido a morte, não acha? Alguém já a viu com seu tradicional manto negro e sua imensa foice apresentando algum programa? Seria no mínimo original, mas não é disso que estou falando e sim dos programas policiais que contaminaram nossa telinha e têm a morte presente em diversos sentidos.
Aqui em João Pessoa das 5 principais emissoras (em VHF), 3 exibem jornais policiais entre meio-dia e 1h da tarde. E a única diferença entre os três é o canal mesmo, por que no mais tudo igual. O princípio básico de todos é “morreu, antes ele do que eu, porque só me interessa é tirar o meu ($)”. Eles vendem a morte descaradamente transformando tudo num verdadeiro show, basta alguém ser atropelado, ser assassinado ou perder a vida de qualquer outra maneira que lá estão os urubus com suas câmeras em punho filmando os rostos dos pobres cadáveres e colocando tudo no ar com a maior naturalidade achando que toda a população está preparada para ver um corpo cravado de balas ou esquartejado. Chegam ao ponto de comentarem a matéria com a imagem do defunto paralisada ou de subirem os créditos finais do programa com o morto ao fundo.
Além de fazerem uso da morte no sentido literal, eles também matam os direitos da pessoa física, quando pegam uns pobres coitados que foram presos por pequenos furtos, por vandalismo ou outros crimes (alguns causados por embriaguez), e os expõem inclusive a situações ridículas como mandar que escolham se merecem um cartão amarelo, azul ou vermelho. Entendam-me eu não estou inocentando os criminosos só acho que a justiça deva condená-los e não a imprensa.
Outro que “bate as botas” ao meio-dia é o bom jornalismo, esse definitivamente é morto da pior maneira possível. Começa com radialistas tomando o lugar dos jornalistas de formação na apresentação destes programas. Muitas vezes esses fracos apresentadores não têm a mínima noção do que vai ao ar, é comum ouvir-se os “hein”, “qual é a próxima matéria ?”, deles se dirigindo aos diretores que respondem através do ponto eletrônico. Há ainda o uso de jargões difamatórios como desocupado, mau elemento e outros. E o tiro no coração do jornalismo é a venda das noticias, o apresentador olha para câmera e diz “Foi assassinado ontem com 15 tiros e 25 facadas, no bairro do Alto do Mateus aqui em João Pessoa, o desocupado João Maria” e logo em seguida muda o ângulo e fala “Se você esta com problema de diarréia, frieira, impotência sexual, artrite, conjuntivite, gonorréia ou qualquer outra coisa tome a Água Santa e você vai se sentir melhor, a venda em todas as farmácias” ai eu me pergunto como confiar em noticias dadas nesse tipo de programa? Será que se o fabricante da Água Santa fosse preso viraria noticia? É obvio que não, caracteriza-se aqui o chamado “rabo preso” e quem sofre desse mal não pode ter credibilidade por que vai esta sempre devendo a alguém.
É meus amigos como vocês puderam ver esse povo tem fixação na morte, usam e abusam desta figura e talvez ela nem saiba disso, desse prestigio todo e da alta audiência, por que se não já tinha vindo cobrar seu direitos.
Mais quem diria né Dona Morte, de uma das personalidades mais assombrosas e temidas do Universo passou a estrela da tv paraibana... que progresso!!
Nasce uma Idéia
O que a inércia, a falta de emprego e a vontade de escrever podem fazer juntas? No meu caso fizeram um blog.
Sou estudante de jornalismo e sentindo a necessidade de praticar um pouco mais e depois de uma semana de pasmaceira total resolvi criar esse espaço. Aqui qualquer coisa pode virar assunto, é só ter um pouco de relevância. Mídia, religião, cultura, sexo, política (esses 2 últimos hoje estão muito ligados), tudo isso e um pouco mais poderá ser tratado neste blog.
E desde já fica registrado que o espaço não é meu ele é nosso, portanto leiam, interajam, opinem, critiquem, xinguem... tudo é válido mas sejam sempre sinceros.
Obrigado pela atenção desperdiçada e sintam-se à vontade.
Sou estudante de jornalismo e sentindo a necessidade de praticar um pouco mais e depois de uma semana de pasmaceira total resolvi criar esse espaço. Aqui qualquer coisa pode virar assunto, é só ter um pouco de relevância. Mídia, religião, cultura, sexo, política (esses 2 últimos hoje estão muito ligados), tudo isso e um pouco mais poderá ser tratado neste blog.
E desde já fica registrado que o espaço não é meu ele é nosso, portanto leiam, interajam, opinem, critiquem, xinguem... tudo é válido mas sejam sempre sinceros.
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